Renato M.E. Sabbatini,
PhD
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O
aparecimento da inteligência na Terra implica um paradoxo: só
conseguimos reconhecer e avaliar diretamente sua existência apenas
porque somos inteligentes! Outras formas de vida, o meio ambiente, e
agora, até mesmo o espaço sideral, são o objeto de estudo da nossa
inteligência e dos nossos atos sobre ele, mas eles são incapazes de
entender essa inteligência.
Assim que os seres humanos adquiriram inteligência capaz de entender e raciocinar sobre o universo e tudo o que há nele, a tentativa de compreendermos a nós mesmos tornou-se uma obsessão. Há muitos ramos da filosofia e das ciências dedicado exclusivamente a isso, e este artigo da Revista Cérebro & Mente tem precisamente este objetivo. Acima de tudo, queremos, como espécie, descrever e compreender até o derradeiro detalhe como o cérebro foi construído e aperfeiçoado pela natureza, como a mente apareceu e como a inteligência e a consciência surgiram a partir da matéria, e isso certamente figura entre os mais fascinantes, os mais duradouros, os mais difíceis, e, provavelmente, os mais gratificantes de todos os esforços científicos do homem.
Tornou-se claro para os cientistas que a inteligência não é única para os seres humanos: muitos animais têm vários tipos de "inteligências", muitos deles superiores aos do homem (por exemplo, foi demonstrado experimentalmente que a memória de curto prazo de jovens chimpanzés é bem melhor do que a nossa). No entanto, é somente o Homo sapiens sapiens, desde sua aurora como uma nova espécie, que tem desenvolvido e apresentado uma combinação única de funções neurais que podemos legitimamente chamar de inteligência (provavelmente com um "I" maiúsculo). Esta certeza fez do homem um animal que se auto-atribuiu o título de "rei da criação". Todas as religiões tentam nos colocar nesta posição superior e única na Natureza, desde as sofisticadas mitologias cosmogônicas dos índios brasileiros até a Bíblia e o Alcorão. Talvez não seja justificável, mas sabemos com certeza que algo estranho aconteceu cerca de 100.000 anos atrás, quando um pequeno grupo de primitivos e peludos descendentes de homens-macaco na África tenham se ransfigurado, através da evolução natural, em um ser fisicamente frágil, mas com uma mente ultra-poderosa.
O resto é história.
O
Futuro da Inteligência Humana
Como será a evolução do cérebro e da inteligência humana no futuro? Bem, em primeiro lugar, evolução biológica é um fenômeno extremamente lento, na melhor das hipóteses só pode ser notado ao longo de dezenas de milhares de anos, abrangendo de 2 a 5.000 gerações humanas. Evolução sempre ocorre, como mostram vários estudos da frequência e das mutações dos genes relacionados aos cérebros, que são a maioria dos 25.000 genes do genoma codificado do homem. O que não sabemos é em qual direção nos levará essa evolução. Teremos cérebros enormes, como nos querem sugerir os adeptos dos ETs e da ficção científica? Seremos, em virtude disso, bem mais inteligentes do que hoje?
Do ponto de vista biológico, várias evidências indicam que não!![]() |
Renato M.E. Sabbatini, PhD Revista Cérebro & Mente, Fev/Abr 2001 |
Copyright
(c) 2001 Renato
M.E. Sabbatini
Universidade
Estadual de Campinas,
Brasil
Piblicado
inicialmente em 15 de fevereiro de 2001.
Atualizado em 18 de setembro de 2011
URL
desta página: http://www.cerebromente.org.br/n12/mente/evolution08_p.html