Catapulta do Emocional
Uma nova abordagem para o estudo e entendimento do cérebro
humano
José Carlos Fragomeni, MD
Introdução
Não obstante o avanço da neurociência nos
estudos do funcionamento do cérebro humano, este ainda continua
a representar um dos maiores enigmas da atualidade, com questões
ainda insolúveis, mesmo paradoxais.
A evolução do embrião humano (ontogenia)
constitui uma prova de que o homem é fruto de um continuum evolutivo
das espécies. Neste processo, que decorreu de forma acelerada se
comparado ao processo de adaptação do homem ao meio, percebeu-se,
em determinado estágio, um homem dotado de um cérebro pensante,
tal como se o conhece hoje, sem que se consiga precisar o momento dessa
consciência nem como ela se deu. O que havia de mais recente era
a figura do homo sapiens.
Aqui, um dos paradoxos de que se falou acima: se a adaptação ao meio ocorreu / ocorre de forma lenta e gradual, o mesmo não se diz do cérebro, já percebido há 100.000 anos, como é hoje. isto significa dizer que o processo de desenvolvimento do cérebro supera em velocidade o desenvolvimento físico do corpo, ainda passível de adaptação.
E se se considerar que o homem utiliza apenas 10% de seu cérebro
pergunta-se o que será ele capaz de fazer com a utilização
plena.
O estudo da história elucida um outro enigma: o nível
de conhecimento de alguns povos e civilizações, como os egípcios
e os astecas, por exemplo, que ficou, em certa medida, preso a determinada
época, já que não se manteve ou não se evoluiu
daquele ponto de partida.
Ainda na busca de entendimento desse complexo cerebral, a neurociência
vem tentando conceituar cientificamente as emoções, bem como
definir seu papel na rede neuronial e localizar suas conexões, observando
sua relação com o sistema límbico.
A consciência é outro aspecto do cérebro
igualmente indefinido quanto à localização e funcionamento.
Como e por que grupos de células cerebrais interligam-se em certos
momentos, formando assembléias de neurônios que numa situação
específica qualquer vão determinar uma impressão
sob forma de vivência ?
A esses questionamentos, somam-se outros, todos sem explicação
lógica, o que pode levar à crença de que se está
observando o cérebro sob uma ótica inadequada.
Assim sendo, pode-se tentar um deslocamento daquela visão
para outro sentido, e estudar-se o cérebro à luz de um novo
paradigma.
Manifestação (Pulsão) da Vida
Numa tentativa de se entender o cérebro sob nova perspectiva,
propõe-se um retorno às primeiras formas de vida humana.
Tudo tem início com o aparecimento da vida; logo, a pulsão
de vida é o ponto inicial do processo evolução e,
antiteticamente, seu ponto terminal. A vida manifesta-se através
de uma pulsão tendo, em relação aos humanos, o homem
como seu representante. E nesse processo, enquanto evolui e se adapta ao
meio, vai se estruturando e se qualificando através do cérebro.
Essa pulsão de vida é o alfa e o omega do processo evolutivo.
Desmitificação do cérebro (neocórtex )
O homem, tal como se o conhece hoje, é uma realização
dessa pulsão inicial de vida, cuja existência e perpetuação
exige um processo de transmissão. Partindo sempre de uma nova célula,
essa pulsão de vida pode criar um novo homem num reproduzir incessante.
Todavia, também aí dá-se um paradoxo: em sendo
o homem a expressão dessa pulsão de vida, por que tenta destruir
a cadeia natural que lhe deu origem e lhe permite adaptar-se ?
A pulsão de vida é que responde pela aceleração
do processo de evolução no planeta. O homem, por ter uma
consciência que lhe permite não só construir seu próprio
conhecimento como também identificar sua superioridade entre as
espécies, posicionou-se como a maravilha da evolução.
No entanto, tal evolução representa, somente, a
experiência de uma adaptação da vida ao planeta.
O que vive não é o homem; a vida é que se manifesta
através dele. O homem não representa mais que um momento
da evolução de algo que não se compreende e portanto
não se alcança: a pulsão inicial da vida.
A própria vida é capaz de reproduzir toda uma cadeia
evolutiva, a partir de uma célula ou de um inseto; mas o homem pode
inviabilizar tal processo com seu poder de destruição
da vida em seu sentido mais lato.
Se se entender o homem como uma manifestação da vida que
evolui em cadeia, conclui-se que o cérebro humano pode representar
uma experiência perigosa nesta cadeia.
A digressão filosófica faz-se necessária para
que se chegar ao ponto de partida da hipótese a que se pretende
chegar.
A hipótese de que o cérebro humano é uma experiência
da manifestação da vida tem como pressuposto a idéia
de que essa pulsão de vida, em um determinado momento evolutivo,
experimentou um novo órgão que teve consciência de
si mesmo. Um órgão que, ao identificar-se com o eu sou, desligou-se
completamente da pulsão inicial de vida que o gerou. Este órgão
pode revelar-se uma experiência positiva ou negativa no processo
contínuo de adaptação à vida.
Positiva, se a consciência manifestada através do órgão
entender que nada mais é que a manifestação de uma
pulsão de vida materializada em determinado momento, e entrar em
harmonia com a natureza. Negativa, quando a questão pende para o
outro aspecto da dialética e a pulsão (agora terminal) não
hesita em destruir o homem e seu cérebro, antes de auto destruir-se.
E essa pulsão final pode apresentar-se na forma de um simples vírus,
ou tantos vírus contra os quais ainda não há defesa.
Se não é o homem com seu cérebro que vive, e sim
a pulsão de vida que se manifesta através dele, não
foi o homem que adquiriu consciência de si, e sim a vida que se tornou
consciente. Por isso, a reformulação da máxima cartesiana:
existo, logo penso.
Os três cérebros
De um modo simplificado, o cérebro humano é
disposto em três camadas que representam três fases da evolução,
como se fossem três computadores superpostos. Essas camadas, embora
claramente definidas, não são totalmente estanques nem tão
pouco se formaram independentes.
A primeira camada, o cérebro primitivo, é formado
pelo tronco cerebral, pelo bulbo, pelo cerebelo, ponte e mesencéfalo,
pelo globo pálido e os bulbos olfatórios. É o cérebro
responsável pela manutenção da vida vegetativa. É
capaz de adaptar-se ao frio, ao calor, à fome e à sede. Pode
comandar a maior ou a menor intensidade de multiplicação
das partes e do todo; de corrigir os inúmeros desvios do processo
de formação do ser; de identificar o perigo e comandar a
resposta. É, enfim, a expressão maior da pulsão inicial
da vida em sua cadeia evolutiva.
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Neste conjunto (cérebro primitivo e corpo) estão registrados
os passos dados pela pulsão de vida desde sua manifestação
inicial até o estado atual. Nele estão armazenados
alguns enigmas que pouco a pouco vão sendo revelados. Nas conexões
simpáticas do plexo solar, encontram-se neurônios com capacidade
de receber, analisar e responder a estímulos do tubo digestivo (praticamente
de pensar). Esse tipo de formação dá conta de que,
em determinado momento evolutivo, a vida optou por aí desenvolver
um cérebro, opção que foi abandonada; todavia,
se levada adiante, desenvolveria um ser pensante muito diferente desse
homem que se conhece.
Esse é o mais potente dos três computadores; é
ele que detém basicamente a informação de todo o
processo evolutivo e é capaz de manter e perpetuar a vida.
O cérebro intermediário situa-se logo acima
do arquipálio, recobrindo-o. Nele encontram-se as estruturas
límbicas que têm como principal função coordenar
as emoções.
Muito se tem estudado e discutido quanto à localização
e aos caminhos que as emoções percorrem. Desde o estabelecimento
do circuito de Papez até as nova áreas a ele atribuídas
por MacLeans, tem-se observado que não há uma delimitação
precisa da região onde se dão as emoções. Pode-se
apenas afirmar que a região que intermedeia as emoções
localiza-se entre o cérebro primitivo e o néocórtex.
Na comparação com os outros cérebros, observa-se
que o sistema límbico tem um modo de agir diferente dos outros dois.
Voltando à linguagem da informática, é como se fosse
um computador com funcionamento analógico, enquanto os outros teriam
um funcionamento digital.
O cérebro superior ou cérebro racional
posiciona-se recobrindo todo o encéfalo. É composto pelos
dois hemisférios cerebrais e de alguns conjuntos de neurônios
subcorticais. É constituído por um tipo de tecido cortical
de formação recente chamado neocórtex. Acima de tudo
encontra-se o neocórtex, que funciona como a sede da consciência.
No processo evolutivo do embrião humano, percebe-se que foi o último
a ser formado.
O homem, através da neocórtex, toma consciência
de si mesmo e assume um papel dominante na escalada evolutiva do planeta.
Foi através da neocórtex que ele se projetou no mundo da
ciência, buscando conhecimento. O conhecimento gerado através
desta estrutura de certa forma se tornou independente de sua origem, a
pulsão da vida. Claramente a partir da Renascença e aceleradamente
nos últimos séculos, metodologias científicas foram
criadas no sentido de resolver problemas gerados por pela neocórtex
. Com isto, parece ter-se dado uma separação entre ciência
e pulsão de vida.
A vida, como uma experiência de adaptação ( o cérebro),
desenvolveu uma estrutura de consciência que está assumindo
o comando da evolução por um caminho diferente daquele de
sua gênese, logo, distanciado de sua finalidade original.
Um homem perfeito poderia desenhar um pentágono perfeito com
uma única linha porque tem inscrito em seu sistema nervoso essa
informação, em decorrência das múltiplas experiências
de adaptação à vida.
A ciência criou uma metodologia matemática, geométrica
e tecnológica, para possibilitar a um homem imperfeito desenhar
o pentágono perfeito.
Disto decorre a dicotomia entre a ciência e a religião
que se acentuou nos últimos 500 anos, como fruto da superioridade
assumida pela neocórtex.
O homem assumiu com este novo órgão que lhe a consciência
de si mesmo a idéia do “eu sou”, do “sela”, quando na realidade
o homem representa a pulsão de vida que habita nele.
A tomada de consciência nada mais é que uma experiência
evolutiva que pode resultar em bem ou mal sucedida, de acordo com a aplicação
dessa consciência. Se aplicada na perpetuação da pulsão
de vida, pode ser uma experiência positiva; porém, se aplicada
de forma desastrosa, age contrariamente à pulsão de vida,
como se vem fazendo, caminhando para a destruição da vida
no planeta. Neste caminho, em percebendo a experiência desastrosa,
a pulsão de vida certamente destruirá a espécie humana.
E o surgimento de mutações de vírus pode confirmar
isso.
O neocórtex, como principal elemento do processo evolutivo da
pulsão de vida, dispõe de um grande potencial, podendo
ser comparado aos computadores de ponta, cujos recursos totais não
se é capaz de utilizar.
Catapulta do emocional
Apresentada a nova perspectiva de abordagem do cérebro, permanecem
as questões: Como o neocórtex se formou ? Qual seria a motivação
desta experiência de vida?
O assunto comporta inúmeras discussões e com certeza
não tem ainda um caráter científico, já que
requer mais estudo.
A apresentação da hipótese objeto deste
trabalho dar-se-á de forma seqüencial, de modo a imprimir
um aspecto didático ao que se propôs aqui chamar de “catapulta
do emocional “.
Inicialmente, chamar-se-á de ”porto homem” o ser que antecedeu
ao “homo sapiens”. O “porto homem”, ao sair de cima das árvores
e posicionar-se em pé, criou uma situação especial
para a adaptação da vida.
O fato de se posicionar de pé proporcionou-lhe a possibilidade
de antever problemas e situações que se lhe apresentariam
em seguida, antes de que acontecerem.
A pulsão de vida necessitava de alguma adequação
para poder utilizar o potencial evolutivo armazenado no arquipálio
(cérebro primitivo), possibilitando ao “proto homem”
a tomada de decisão. Assim gerou-se a necessidade de que a
vida tivesse um “conhecimento” desta experiência.
O confronto dos dois hemisférios cerebrais, que certamente surgiram
como um modo de defesa, deram ao “proto homem” a possibilidade de tornar
dual as impressões de si mesmo; de poder ver-se de dois modos. Essa
dualidade, resultante de suas confrontação com um mundo externo,
pode representar uma das causas de identificação do “proto
homem” como o “eu sou“, portanto, um grande passo no processo de evolução.
Isto, porque, posicionado no alto das árvores, os acontecimentos
não tinham maior importância. Todavia, no momento em que no
chão, passou a participando da ameaça, o “antever”
a forma de defesa passou a ser vital, desenvolvendo nele um novo tipo de
necessidade, que era a do envolvimento efetivo com a situação
que estava por acontecer.
Tais fatores proporcionaram uma condição ímpar
no processo de desenvolvimento que foi a transferência de todo
o conhecimento evolutivo do arquipálio para uma nova estrutura,
o novo órgão chamado de neocórtex. Este órgão
teria a possibilidade ( não a capacidade) de uma consciência
de toda a informação acumulada no cérebro primitivo
durante milênios, oriunda do processo evolutivo.
Mas a transposição do conhecimento do arquipálio
para a neocórtex não foi uma transposição das
informações e sim da possibilidade de tornar essas informações
conscientes, como uma espécie de opção, para o caso
de o “proto homem” (vida), ameaçado, poder decidir entre a fuga
e a agressão.
Desta forma, ter-se-ia formado o neocórtex como um conjunto
de conexões novas de um tipo diferente, com potencialidade para
expressar todo o conhecimento e selecionálo coincidentemente na
tomada de decisão.
Ressalte-se que essa transposição se deu de um modo muito
rápido, se acompanhar a seqüência da evolução.
Poder-se-ia compará-la a um momento de uma mutação
genética; mutação esta que se expressou discretamente
nos cromossomos, já que os de um mamífero superior diferem
pouco dos cromossomos do homem para a tamanha diferença que existe
entre ambos.
A essa transposição brusca é que se compara ao
efeito de uma catapulta que projetou o conhecimento em um novo órgão,
com a possibilidade de consciência. Esta “catapulta” pode resultar
da interposição do cérebro intermediário, do
sistema límbico e do emocional entre os dois cérebros, o
primitivo e o superior.
A participação física (de todo o organismo) decorrente
da antevisão do problema pode caracterizar a base do emocional.
A necessidade do conhecimento consciente apareceu junto com o envolvimento
emocional neste “proto homem”. A consciência da situação
implicava o envolvimento de todo o organismo, que deveria estar pronto
para optar entre a agressão e a fuga.
Pela tentativa de adaptação e de sobrevivência,
a vida ousou tornar consciente a experiência acumulada na cadeia
evolutiva, permitindo ao “proto homem” a utilização
daquelas informações para sua sobrevivência. Desta
forma, o neocórtex veio expressar essas informações.
Em resumo, a transposição da informação
do cérebro primitivo para a criação de novas conexões
deu-se em intermediação com o sistema límbico de um
modo brusco, aqui chamada de “catapulta do emocional”.
O cérebro intermediário (sistema límbico), funcionando
como um computador analógico, permitiu que se formasse acima dele
uma nova estrutura, composta de inúmeras conexões que funcionavam
de um modo diferente, com potencialidade para transformar toda a informação
acumulada pela pulsão de vida em informações conscientes.
As conexões estavam feitas para ser utilizadas nos momentos de ameaça.
Todo o conhecimento humano, fruto da experiência da evolução
da vida desde o estágio unicelular até o homem, foi “catapultada”
pelo cérebro intermediário (emoções ), criando
um novo órgão que permitiu a consciência desse conhecimento.
Nessa medida, o neocórtex nada mais é que uma experiência
da pulsão de vida.
A consciência do homem é uma adaptação para
a sobrevivência da vida, que por sua vez tem necessidade de
perpetuar-se.
Desdobramentos da teoria da Catapulta do emocional
O entendimento do cérebro sob essa ótica permite uma série de considerações interessantes, que explicariam um grande número de paradoxos do cérebro humano.
Paradoxo da evolução - Dispor de um órgão
com uma potencialidade que não é utilizada contraria o conceito
evolucionaste que está claramente exposto na ontogenia.
O cérebro superior teria a possibilidade de “decodificar” e
tornar consciente toda a experiência evolutiva do homem, desde a
pulsão inicial da vida até hoje. O aparecimento, há
mais de 100.000 anos, de um cérebro que até hoje é
quase o mesmo, possivelmente tornar-se-ia mais compreensível por
meio da teoria da catapulta do emocional.
Importância da sexualidade
A formação do neocórtex tendo ocorrido com
a mediação do sistema límbico, onde se localizam as
conexões responsáveis pela perpetuação
da vida (reprodução ), justificaria a importância da
sexualidade na utilização do sistema de conexões da
neocórtex.
As conexões que controlam os processos da reprodução
e os comportamentos a eles ligados estão fortemente vinculadas ao
cérebro intermediário. Por isto, a importância do componente
sexual (reprodutivo) no desenvolvimento do raciocínio e da consciência
do homem.
Importância da emoção
Sem dúvida, a emoção representa um importante mecanismo nas funções do cérebro , principalmente na memória. É através dela que o homem tem acesso à possibilidade de encontrar a informação necessária à decisão.
Localização dos circuitos da emoção
A identificação dos circuitos onde se dão as emoções tem sido um motivo de discussão desde Broca até melenas. A prorrogação destes circuitos para o córtex pré frontal e suas ramificações inferiores com o arquipálio poderiam ser entendidas pela teoria da catapulta do emocional.
Mutação
Poucas alterações cromossomiais poderiam determinar o
aparecimento do “homo sapiens “. Dada a pouca diferença existente
entre os cromossomos do homem e os dos grande macacos, pode-se dizer que
a mutação pode ter ocorrido de um modo se -
semelhante à alteração que observamos hoje na
Trilogia do 21 ( Síndroma de Down).
Neste caso, a duplicação de parte de uma cadeia
do cromossomo 21 determina o aparecimento de um indivíduo com uma
diminuição das circunvoluções cerebrais e com
características que poderiam assemelhá-lo ao proto homem
( flexão das mãos). O indivíduo com Síndrome
de Down tem também uma característica especial em relação
à afetividade; de um modo geral são muito afetivos. É
como se a catapulta tivesse falhado na formação do neocórtex.
É possível que através de um mecanismo inversamente
semelhante tenha ocorrido a mutação do “proto homem” para
o “homo sapiens”. A possibilidade de poucas alterações dos
cromossomos poderiam determinar uma transformação tão
grande.
Os sonhos
Acredito que, quando se sonha, está-se “desligado” das conexões
com o corpo, ou seja, as conexões no cérebro estão
ocorrendo de um modo inverso.
O neocórtex funciona de modo autônomo, gerando conjuntos
de conexões como se fossem assembléias de conexões
neuroniais, que guardam um certo padrão em todos os indivíduos.
Isto se dá porque a neocórtex foi montada de acordo
com um mesmo plano.
Por um outro lado, é possível em sonho se ter visões
e soluções de problemas que em vigília não
se teria. Isto, porque nesses momentos a potencialidade de acessar o conhecimento
total da vida é maior, já que a atenção
não está presa aos sentidos.
Quando se sonha, está-se circulando na neocórtex livre
dos preconceitos estabelecidos pela cultura. Disto decorre a riqueza da
simbolizai dos sonhos.
Povos antigos
O acesso ao conhecimento de que dispunham os povos antigos como os egípcios
pode ser compreendido através da teoria da catapulta do emocional.
Esse acesso ao conhecimento se fazia por meio dos sacerdotes que
utilizavam métodos artísticos e religiosos (emocionais) para
se chegar à consciência do conhecimento.
Assim, foram capazes de construir pirâmides com medidas tão
perfeitas que até hoje discute-se como as obtiveram. A localização
da grande pirâmide bem como suas proporções mostram
um conhecimento que só seria possível hoje a quem tivesse
os mais modernos recursos da tecnologia. Os egípcios chegaram a
este conhecimento por métodos que foram progressivamente abandonados
pela civilização que os sucedeu. Os egípcios “sonhavam”
Se considerar que todo o conhecimento evolutivo da pulsão
de vida está inscrito no cérebro primitivo, é fácil
imaginar que os antigos egípcios dispunham de um modo de acessar
este conhecimento, desconhecido até hoje. E isso não é
de todo descartado, posto que o método era guardado pêlos
sacerdotes.
O arquipálio é capaz de fazer “curas” que poderiam ser
chamadas de milagrosas. O conhecimento científico não é
nada se comparado ao conhecimento depositado no corpo, ao qual não
se tem acesso.
Ciência moderna
Nos últimos 200 anos, a ciência não tem acrescentado
quase nada ao nível de satisfação ou de felicidade
ao homem. Este ultimo século deixou claro que a felicidade e a satisfação
do homem não estão relacionadas com o progresso da ciência
convencional. O homem não é o cérebro , é
antes a pulsão de vida que vive nele. O homem vai encontrar sua
felicidade no cumprimento da sua função de perpetuar a vida
como qualquer outro animal.
Essa perspectiva de consciência de que o homem é expressão
da pulsão de vida tem despertado os movimentos ditos ecológicos.
Tem aberto caminho para o retorno de antigas concepções ligadas
à visão do homem como um todo, hoje conhecidas como concepções
holísticas.
Tudo isto se vê contaminado pela prepotência da ciência
moderna que identifica o “eu sou” como o “que vive”.
Arte
A arte, como a religião, acessa essas conexões através
de processos emocionais desconhecidos, mas que estão sempre relacionados
com a sexualidade.
O desenho do teto da capela Sistina de Miguel Ângelo, representando
a criação do homem, é uma demonstração
dessa teoria. O deus que está circunscrito numa nuvem que é
claramente o encéfalo, estende ao homem a mão num gesto emocional
grandioso. Todos os grandes artistas o são, graças
à percepção de uma totalidade de conexões cerebrais,
como se fosse o processo que se conhece como formação de
assembléias de neurônios, acessadas por um êxtase
emocional.
Bibliografia:
1. AMARAL, Júlio Rocha do. O Centro das Emoções.
Mente e Comportamento. n 5
2. CHARDIN, Teilhard. O Fenômeno Humano.
3. Consciência. Opinião. n 6
4. Interdisciplinariedade e o Estudo da Mente. Opinião. n 6
5. Mapeando o Cérebro. Tecnologia. n 3
6. Memória e Consciência . Opinião e Discussão.
n 1
7. MONTANGNO, Elson A. Cérebro: Para Que? Opinião
e Discussão. n 1
8. OLIVEIRA, Jorge M. Percepção e Realidade. Opinião
e Discussão. n 4
9. PINKER, Steven. Como Funciona a Mente. Rio de Janeiro: Schwartz,
1998
10. RODINI, Elaine S. de Oliveira. Síndrome de Down: Características
e Etiologia. Do
enças
do Cérebro. n4
11. Sistema Límbico: O Centro das Emoções. Mente
e Comportamento. n 5
O
Autor
José Carlos Fragomeni é médico urologista, formado em 1968 pela Faculdade Nacional de Medicina Universidade do Brasil. Título de especialista em Urologia. Ex-professor da Faculdade de Ciências Médicas do Norte Fluminense , RJ; ex-professor de Urologia da Universidade de Brasília UnB, Brasil; ex-chefe do Serviço de Urologia do Hospital da Forças Armadas, Brasília DF; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Urologia.
Contatos:
E. mail: jcfragomeni@uol.com.br
Fones: (061) 245.3122 (consultório) Fax: 245.4275
Comentário do
Dr. Júlio Rocha do Amaral, Professor da UNIGRANRIO sobre este
artigo