Nos anos 60, os cientistas trabalhando com substancias radioativas descobriram um novo uso para elas. Uma espécie de dispositivo de obtenção de imagens, chamado gama camara, foi inventado, de modo a detectar a radiação emitida por átomos radioativos que se desintegravam. Por exemplo, se o médico que saber se a glândula tireóide está trabalhando adequadamente, ele injeta no sangue do paciente uma substância ligada a iodo radioativo. O iodo é facilmente capturado e usado pela glândula tireóide, pois os seus hormonios tem este elemento em sua composição. A gama camara detecta toda vez que o átomo de iodo radioativo emite um raio de energia (radiação gama), e amostra no mapa bidimensional da tireóide do paciente. Após um certo tempo, essa imagem se enche com pontinhos, e sua densidade é maior nas regiões onde o metabolismo da tireóide é mais alto (ou seja, onde as células estão trabalhando mais ativamente). Dessa maneira, nós conseguimos fazer um mapa funcional. A pessoa que tem uma glândula que funcione inadequadamente (a mais ou a menos) mostrará um mapa diferente, permitindo diagnosticar a causa da doença.
O PET funciona de acordo com um princípio similar. Entretanto, ele possui uma técnica altamente sofisticada para construir uma imagem do corpo do paciente.
![]() Um ciclotron para a síntese de radiofármacos |
![]() As células no cérebro que são mais ativas em determinado período do tempo após a injeção, absorverão mais FDG,porque elas tem um metabolismo mais alto e necessitam mais energia. O átomo de fluor na molécula FDG sofre um decaimento radioativo, emitindo um positron ( este é uma espécie de elétron, com uma carga elétrica positiva, portanto trata-se de anti-matéria) Quando o positron colide com o elétron ocorre uma aniquilação anti-matéria, liberando um jorro de energia, em forma de dois raios gama, orientados em direção oposta (180 graus uma da outra). Isto então será mostrado pelo aparelho PET. Por isso que o PET se chama Positron Emission Tomography. |
![]() O tomógrafo PET |
Após injetar o radiofármaco, o paciente é
colocado em uma cama móvel especial, que desliza por controle remoto
para dentro de uma abertura circular do tomográfo ( chamado gantry).Colocados
ao redor dessa abertura, dentro do gantry, existem diversos anéis
de detectores de radiação. Cada detector
de cristal emite um breve pulso de luz toda vez que é atingido por
um raio gama vindo do radiosotopo dentro do corpo do paciente. O pulso
de luz é amplificado ( aumentado a intensidade), por um fotomultiplicador,
e a informação é mandada para o computador que controla
o aparelho.O processo todo é chamado de cintilografia (de cintilação),
que é o pulso da luz.
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![]() Um seção do cérebro obtida pelo PETOrientação da fatia |
O computador que trabalha com os dados cintilograficos reconstroi
os locais dentro de cérebro onde se originou cada pulso de radiação
. Ele também conta o número de pulsos por segundo que vem
de cada ponto da imagem. Isso ocorre porque as estruturas cerebrais que
tem maior concentração do radiofármaco injetado emitem
uma quantidade maior de radiação, significando que elas são
mais ativas em termos de metabolismo cerebral ou circulação
sanguínea. .
O número de pulsos de radiação contados pelo computador em um intervalo fixo de tempo é mostrado na tela de video com um pontinho, cuja intensidade é mostrada em níveis de cinza (tonalidades de cinza). O preto significa atividade nula (contagem zero), e o branco puro significa o nível mais alto de contagem. A mesma imagem pode ser exibida em falsa cor, que permite obter um contraste melhor das regiões "quentes". A escala de falsa cor converte cada nível de cinza em um tom de cor em um arco-iris, sendo o vermelho representando a contagem mais alta, depois vindo o amarelo, depois o verde, e assim por diante. Azul, violeta e preto representam os níveis mais baixos de atividade. |
![]() A atividade dos receptores de DOPA no cérebro |
Um dos truques usados para mostrar atividade específica no cérebro é usar radiofármacos que se ligam quimicamente a certos neuronios. Neste exemplo, um radiofármaco que tem uma certa afinidade por células contendo o transmissor DOPA, concentra em uma área do cérebro chamada núcleos basais, que são responsáveis pelo controle do movimento. Essas células são danificadas na doença de Parkinson , de modo que elas têm concentração mais baixa de DOPA. Assim, o PET é um excelente método para quantificar a função cerebral em pessoas com essa doença. |
![]() Uma reconstrução 3d das imagens do PET |
Tomando diversas fatias ao mesmo tempo, um programa de computador
especial pode ser usado para fazer uma reconstrução tridimensional
do cérebro, seguindo uma orientação ou qualquer perspectiva
desejada pelo médico. Essas reconstruções são
úteis para entender melhor a imagem global do cérebro, e
detectar quais são os problemas funcionais presentes![]() Clique na imagem para ver uma seqüência completa Colocando essas diferentes visões como quadros de um filme, o computador PET pode mostrar isso como uma rotação animada. |
Créditos das imagens: The Crumb Institute of Biological Imaging, Department of Pharmacology, University of California at Los Angeles. CTI The Niels Bohr Institute
De: A Tomografia PET: Uma Nova Janela Para o
Cérebro
Por: Renato M.E. Sabbatini,
PhD
Em: Cérebro & Mente, Março
1997.