Neurotransmissores:
Diversidade e Funções
Por Michael W. King, Ph.D
Tabela de Neurotransmissores
Molécula
transmissora
|
Derivada
de
|
Local de
síntese
|
Acetilcolina
|
Colina
|
SNC, nervos parasimpáticos
|
Serotonina
5-Hidroxitriptamina (5-HT)
|
Triptofano
|
SNC, células cromafins do trato
digestivo, células entéricas
|
GABA
|
Glutamato
|
SNC
|
Glutamato
|
|
SNC
|
Aspartato
|
|
SNC
|
Glicina
|
|
Espinha dorsal
|
Histamina
|
Histidina
|
Hipotálamo
|
Metabolismo
da
epinefrina
|
Tirosine
|
Medula adrenal, algumas células
do SNC
|
Metabolismo
da
norepinefrina
|
Tirosina
|
SNC, nervos simpáticos
|
Metablolismo
da
dopamina
|
Tirosina
|
SNC
|
Adenosina
|
ATP
|
SNC, nervos periféricos
|
ATP
|
|
nervos simpáticos, sensoriais
e entéricos
|
Óxido
nítrico, NO
|
Arginina
|
SNC, trato gastrointestinal
|
-
-
Muitos outros neurotransmissores são
derivados de precursores de proteínas, os chamados peptídeos
neurotransmissores. Demonstrou-se que cerca de 50 peptídeos
diferentes têm efeito sobre as funções das células
neuronal. Vários desses peptídeos neurotransmissores são
derivados da proteina pré-opiomelanocortina
(POMC). Os neuropeptídeos são responsáveis pela
mediação de respostas sensoriais e emocionais tais como a
fome, a sede, o desejo sexual, o prazer e a dor.
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Transmissão sináptica
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A transmissão sináptica refere-se
à propagação dos impulsos nervosos de uma célula
nervosa a outra. Isso ocorre em estruturas celulares especializadas, conhecidas
como sinapses--- na qual o axônio
de um neurônio pré-sináptico combina-se em algum local
com o neurônio pós-sináptico. A ponta do axônio
pré-sináptico, que se justapõe ao neurônio pós-sináptico,
é aumentada e forma uma estrutura chamada de botão
terminal . Um axônio pode fazer contato em qualquer lugar
do segundo neurônio: nos dendritos (uma sinapse
axo-dendrítica), no corpo celular (uma sinapse
axo-somática) ou nos axônios (uma sinapse
axo-axônica).
-
Os impulsos nervosos são transmitidos
nas sinapses através da liberação de substâncias
químicas chamadas neurotransmissores.
Quando um impulso nervoso, ou potencial de ação,
alcança o fim de um axônio pré-sináptico, as
moléculas dos neurotransmissores são liberadas no espaço
sináptico. Os neurotransmissors constituem um grupo variado de compostos
químicos que variam de simples aminas como a dopamina
e aminoácidos como o g-aminobutirato (GABA),
a polipeptídeos tais como as encefalinas.
Os mecanismos pelo qual eles provocam respostas tanto nos neurônios
pré-sinápticos e pós-sinápticos são
tão diversos como os mecanismos empregados pelos receptores de fator
de crescimento e citoquinas.
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Transmissão neuromuscular
-
Um tipo diferente de transmissão nervosa
ocorre quando um axônio se liga a uma fibra do músculo esquelético,
em uma estrutura especializada chamada de junção
neuromuscular. Um potencial de ação que ocorre
nesse local é conhecido como transmissão
neuromuscular. Em uma junção neuromuscular, o
axônio subdivide-se em inúmeros botões terminais localizados
em depressões formadas na placa motora.
A acetilcolina é o transmissor especial utilizado na junção
neuromuscular.
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Receptores de neurotranmissores
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Uma vez que as moléculas do neurotransmissor
são liberadas de uma célula como resultado do disparo de
um potencial de ação, elas se ligam a receptores específicos
na superfície da célula pós-sináptica. Em todos
os casos nos quais esses receptores foram clonados e caracterizados em
detalhe, demonstrou-se que existem muitos subtipos de receptores para um
determinado neurotransmissor. Além de estar presente nos neurônios
pós-sinápticos, os receptores de neurotransmissores são
encontrados nos neurônios pré-sinápticos. Em geral,
os receptores dos neurônios pré-sinápticos agem para
inibir a liberação de mais neurotransmissores.
-
A grande maioria dos receptores de neurotransmissores
pertence a uma classe de proteínas conhecida como receptores
em serpentina. Essa classe exibe uma estrutura transmembrana
característica. Isto é, ela cruza a membrana celular, não
apenas uma e sim sete vezes. A ligação entre os neurotransmissores
e o sinal intracelular é realizado através da associação
ou com proteinas G (pequenas proteínas que se ligam e hidrolizam
a GTP) ou com as enzimas proteína-kinases, ou com o próprio
receptor na forma de um canal de íon controlado pelo ligante (por
exemplo, o receptor de acetilcolina). Uma característica adicional
dos receptores de neurotransmisores é que eles estão sujeitos
a desensibilização induzida pelo
ligante: isto é, eles podem deixar de responder ao estímulo
em seguida a uma exposição prolongada a seus neurotransmissores.
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Acetilcolina
-
A acetilcolina (ACh)
é uma molécula simples sintetizada a partir de colina e acetil-CoA
através da ação da colina acetiltransferase.
Os neurônios que sintetizam e liberam ACh são chamados neurônios
colinérgicos. Quando um potencial de ação
alcança o botão terminal de um neurônio pré-sináptico,
um canal de cálcio controlado pela voltagem é aberto. A entrada
de íons cálcio, Ca2+, estimula a exocitose de
vesículas pré-sinápticas que contém ACh, a
qual é conseqüentemete liberada na fenda sináptica.
Uma vez liberada, a ACh deve ser removida rapidamente para permitir que
ocorra a repolarização; essa etapa, a hidrólise, é
realizada pela enzima acetilcolinesterase. A acetilcolinesterase
encontrada nas terminações nervosas está ancorada
à membrana plasmática através de um glicolipídeo.
-
Os receptores ACh são canais de cations
controlado por ligantes, composto por quatro unidades subpeptídicas
dispostas na forma [(a2)(b)(g)(d)]. Duas classes principais de receptores
de ACh foram identificadas com base em sua reatividade ao alcalóide,
muscarina, encontrada no cogumelo e à nicotina, respectivamente,
os receptores muscarínicos e
os receptores nicotínicos. Ambas
as classes de receptores são abundantes no cérebro humano.
Os receptores nicotínicos ainda são divididos conforme encontrados
nas junções neuromusculares e aqueles encontrados nas sinapses
neuronais. A ativação dos receptores de ACh pela ligação
com o ACh provoca uma entrada de Na+ na célula e uma
saída de K+, provocando a desporalização
do neurônio pós-sináptico e no inicio de um novo potencial
de ação.
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Agonistas e antagonistas colinérgicos
-
Foram identificados numerosos compostos que
agem ou como agonistas ou antagonistas dos neurônios colinérgicos.
A principal ação dos agonistas colinérgicos é
a excitação ou inibição de células efetoras
autônomas que são inervadas pelos neurônios parasimpáticos
pós-ganglionares e como tal são chamados de agentes
parasimpatomiméticos. Os agonistas colinérgicos
incluem os ésteres de colina (tais como a própria ACh ) assim
como seus compostos protéicos ou alcalóides. Demonstrou-se
que vários compostos que ocorrem naturalmente agem sobre os neurônios
colinérgicos, seja positiva ou negativamente.
-
As respostas dos neurônios colinérgicos
podem ser ampliadas pela administração de inibidores de colinesterase
(ChE). Os inibidores ChE tem sido utiliado como componentes dos gases paralizantes
mas também tem significativas aplicações medicinais
no tratamento de doenças como a glaucoma e a miastenia grave bem
como para terminar o efeito de agentes bloqueadores neuromusculares tais
como a atropina.
Agonistas and antagonistas colinérgicos
naturais
|
Fonte do
composto
|
Modo de ação
|
Agonistas
|
|
Nicotina
|
Alcalóide
predominante no tabaco |
Ativa
os receptores de ACh da classe nicotínica, trava o canal aberto |
Muscarina
|
Alcalóide
produzido pelo cogumelo Amanita muscaria |
Ativa
os receptores de ACh da classe muscarínica |
a-Latrotoxina
|
Proteína
produzida pela aranha "viúva negra" |
Induz
liberação maciça de ACh, talvez agindo como um ionóforo
Ca2+ |
Antagonistas
|
|
Atropina
(e compostos relacionados a escopolamina) |
Alcalóide
produzido pela "dama da noite", Atropa belladonna |
Bloqueia
a ação da ACh apenas nos receptores muscarinicos |
Toxina Botulínica
|
Oito proteínas
produzida pelo Clostridium botulinum |
Inibe
a liberação de ACh |
a-Bungarotoxina
|
Proteína
produzida por cobras do gênero Bungarus |
Impede
a abertura do canal receptor de Ach |
d-Tubocurarina
|
Ingrediente
ativo do curar |
Impede
a abertura do canal receptor de ACh na placa motora |
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Catecolaminas
-
As principais catecolaminas são a norepinefrina,
a epinefrina e a dopamina.
Esses compostos são formados de fenilalanina e tirosina. A tirosina
é produzida no fígado a partir da fenilalanina através
da fenilalanina hidroxilase. A tirosina é então
transportada para neurônios secretores de catecolamina onde uma série
de reações a convertem em dopamina, norepinefrina e por fim
epinefrina. (veja Produtos
especializados dos aminoácidos ).
-
As catecolaminas exibem efeitos excitatórios
e inibitórios do sistema nervoso periférico assim como ações
no SNC, tais como a estimulação respiração
e aumento da atividade psicomotora. Os efeitos excitatórios são
exercidos nas células dos músculos lisos dos vasos que fornecem
sangue à pele e às membrans mucosas. A função
cardíaca também está sujeita aos efeitos excitatórios,
que levam a um aumento dos batimentos cardíacos e da força
de contração. Os efeitos inibitórios, ao contrário,
são exercidos nas células dos músculos lisos na parede
do estômago, nas árvores brônquicas dos pulmões,
e nos vasos que fornecem sangue aos músculos esqueléticos.
-
Além de seus efeitos como neurotransmissores,
a norepinefrina e a epinefrina podem influenciar a taxa metabólica.
Essa influência funciona tanto pela modulação da função
endócrina como a secreção de insulina e pelo aumento
da taxa de glicogenólise e a mobilização de acidos
graxos.
-
As catecolaminas ligam-se a duas classes diferentes
de receptores denominados receptores a- e b-adrenérgicos. As catecolaminas
portnato sao também conhecidas como neurotransmissores
adrenérgicos ; os neurônios que os secretam são
os neurônios adrenérgicos.
Os neurônios que secretam a norepinefrina são os noradrenérgicos.
Os receptores adrenérgicos são receptores em serpentina clássicos
que se acoplam a proteínas G intracelulares. Parte da norepinefrina
liberada dos neurônios pré-sinápticos e reciclada no
neurônio pré-sináptico por um mecansmo de reabsorção.
Catabolismo da catecolamina
-
A epinefrina e a norepinefrina são
catabolizadas em compostos inativos pela ação sequencial
das enzimas catecolamine-O-metiltransferase (COMT) e monoamina
oxidase (MAO). Demonstrou-se que os compostos que inibem a ação
da MAO apresentam efeitos benéficos no tratamento de depressão
clínica, mesmo quando os antidepressivos tricíclicos não
ineficazes. A utilidade dos inibidores de MAO foi descoberta por acaso
quando os pacientes submetidos a tratamento da tuberculose com isoniazida
mostraram melhoras em seu humor; depois descobriu-se que a isoniazida funcionava
inibindo a MAO.
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Serotonina
-
A serotonina (5-hidroxitriptamina, 5HT)
é formada pela hidroxilação e descarboxilação
do triptofano (ver Produtos
Especializados de aminoácidos). A mais alta concentração
de 5HT (90%) é encontrada nas células enterocromafinas do
trato gastrointestinal. A maioria do restante do 5HT corporal é
encontrada nas plaquetas e no SNC. Os efeitos do 5HT são sentidos
de maneira mais proeminente no sistema cardiovascular, com efeitos adicionais
no sistema respiratória e nos intestinos. A vasoconstrição
é a resposta clássica à administração
de 5HT.
-
Os neurônios que secretam 5HT são
denominados serotonérgicos.
Em seguida a liberação de 5HT, uma certa porção
é absorvida pelo neurônio pré-sináptico serotonérgico
de modo similar aquele da reutilização da norepinefrina.
-
A função da serotonina é
exercida graças a sua interação com receptores específicos.
Vários receptores de serotonina foram clonados e identificados como
5HT1, 5HT2, 5HT3, 5HT4, 5HT5,
5HT6, e 5HT7. Dentro do grupo 5HT1 existem
os subtipos 5HT1A, 5HT1B, 5HT1D, 5HT1E,
e 5HT1F. existem três subtipos 5HT2, o 5HT2A,
o 5HT2B, e 5HT2C asssim como dois subtipos 5HT5,
o 5HT5a e o 5HT5B. A maioria desses receptores está
acoplada a proteínas G que afetam a atividade da adenilate
ciclase ou da fosfolipase Cg. A classe dos receptores
5HT3 são canais iônicos.
-
Alguns receptores de serotonina são
pré-sinápticos e outros pós-sinápticos. Os
receptores 5HT2A são mediadores da agregação
plaquetária e da contração dos músculos lisos.
Supõe-se que os receptores 5HT2C estão envolvidos
no controle alimentar, dado que camundongos desprovidos desse gene tornam-se
obesos pela ingestão de alimentos e são também sujeitos
a ataques fatais. Os receptores 5HT3 estão presentes
no trato intestinal e estão relacionados a vomitação.
Também presentes no trato gastrointestinal estão os receptores
5HT4 , onde funcionam na secreção e nos movimentos
peristálticos. Os receptores 5HT6 e 5HT7 estão
distribuíos por todo o sistema límbico cerebral e os receptores
5HT6 apresentam uma alta afinidade por drogas antidepressivas.
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GABA
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Vários aminoácidos têm
diferentes efeitos excitatórios ou inibitórios sobre o sistema
nervoso. O g-aminobutirato, um derivado de aminoácido, também
chamado de 4-aminobutirato, (GABA)
é um inibidor bem-conhecido da transmissão pré-sináptica
no SNC e também na retina. A formação do GABA ocorre
por descarboxilação do glutamato catalizada pela glutamato
descarboxilase (GAD). A GAD está
presente em muitas terminações no cérebro assim como
as células b do pâncreas. Os neurônios que secretam
GABA são chamados de GABAergicos.
-
GABA exerce seus efeitos através da
ligação de dois receptores distintos, GABA-A e GABA-B. Os
receptores GABA-A formam um canal Cl-. A ligação
do GABA aos receptores GABA-A aumenta a condutância de Cl-
dos neurônios pré-sinápticos. As drogas anxiolíticas
do grupo das benodiazepina exercem seus efeitos calmantes graças
à potenciação das respostas dos receptores GABA-A
à ligação do GABA. Os receptores GABA-B estão
acoplados a uma proteína G intracelular e agem aumentando a condutância
de um canal associado K+.
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Michael
W. King, Ph.D / Medical Biochemistry / Terre Haute Center for Medical Education
/ memwk@thcme.indstate.edu
Professor Associado de Bioquímica
e Biologia Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana,
Professor Associado de Ciências Biológicas, da Universidade
Estadual de Indiana, Professor Pesquisador de Biologia Aplicada e Engenharia
Biomédica, Instituto de Tecnologia Rose-Hulman, Doutor pela Universidade
da Califórnia em Riverside, 1984
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