Características da Cocaína Teresa. S. Claudio-da-Silva e Júlio. Rocha do Amaral
A cocaína é um alcalóide
extraído da planta do gênero Erythroxylon, arbusto cultivado
em regiões andinas e amazônicas. Ela pode exercer uma variedade
de efeitos no cérebro. Os maiores efeitos agudos resultam de níveis
aumentados de substâncias naturais circulantes no sangue, chamadas
catecolaminas.
A cocaína sob a forma de cloridrato, é administrada por diferentes vias. Pode ser aspirada, sendo absorvida pela mucosa nasal. A cocaína causa vasoconstrição de arteríolas nasais, levando a uma redução vascular o que limita a sua absorção. O uso crônico freqüentemente acarreta necrose e perfuração do septo nasal, como conseqüência da vasoconstrição prolongada. Injetada por via venosa induz efeito extremamente rápido, intenso e de curta duração. Mais recentemente, tem-se popularizado o uso por via pulmonar, sendo a droga inalada com dispositivo tipo cachimbo ou em cigarros. Nesse caso, é empregado o crack, que é a base livre, preparada por alcalinização de cloridrato e extraindo-o com solvente não polares. Embora parte do alcalóide seja destruida pela temperatura alta, a cocaína é prontamente absorvida pelos pulmões, atingindo concentrações sanguíneas máximas em poucos minutos, e comparável com a administração venosa, porém por um tempo reduzido. A injeção venosa raramente é usada pela possibilidade de intoxicação por dose excessiva. Esta via é a mais responsável pelas alterações cardiovasculares e arritmias.
A meia-vida plasmática da cocaína é curta, de modo que os efeitos após uma dose única persiste apenas uma hora ou um pouco menos. Em consequencia disto, a vivência de euforia pode ser repetida muitas vezes no decorrer de um dia ou uma noite.
A cocaína aumenta a dopamina e noradrenalina em doses normais e o aumento da serotonina só ocorre em altas doses, porque atua inibindo a recaptação para estes neurotransmissores. Em geral há um consenso neste mecanismo de ação, mas é controverso se a cocaína atua como um inibidor competitivo ou não competitivo no transporte desta proteína.
A capacidade da cocaína induzir alterações do humor depende da quantidade de dopamina e noradrenalina liberada no cerébro.
O efeito psicoestimulante varia na intensidade de moderado à tóxico com o aumento da dose.
Muitos dos efeitos descritos exibem tolerância, sendo que o efeito estimulante de suprimir o apetite desenvolve-se dentro de poucas semanas.
Após o uso contínuo pode desencadear-se estado de psicose tóxica, com alucinações visuais e auditivas, delírio, idéias paranóides e tendências suicidas.
A cocaina quando ingerida com álcool, leva a formação de um metabólito conjugado cocetileno, que tem propriedades psicoativa e uma meia-vida maior que a cocaína e o etanol ingeridos separadamente, seu acumulo leva rapidamente a um quadro de intoxicação.
Os efeitos cardiovasculares são complexos e são dose dependente.. O aumento da noradrenalina aumenta a resistência periferica total, levando a um aumento da pressão arterial. Esta vasoconstricção reduz a capacidade da perda de calor pela pele e contribui para uma hipertermia. Os efeitos anestésicos locais interferem com a condução miocardiaca levando a arritmias cardíacas e convulsões.
Como complicações do uso crônico desta droga temos a psicose paranóide e edndocardite bacteriana devido ao uso de seringas contaminadas.
As intoxicações por doses
excessivas de cocaína em geral são rapidamente fatais como
arritmias, depressão respiratória e convulsão.