Introdução
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Medo é um sentimento universal e muito antigo. Pode
ser definido como uma sensação de que você corre perigo,
de que algo de muito ruim está para acontecer, em geral acompanhado
de sintomas físicos que incomodam bastante. Quando esse medo é
desproporcional à ameaça, por definição irracional,
com fortíssimos sinais de perigo, e também seguido de evitação
das situações causadoras de medo, é chamado de fobia.
A fobia na verdade é uma crise de pânico desencadeada em situações
específicas. Existem três tipos básicos de fobias,
que são:
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A agorafobia (literalmente, medo da ágora, as praças
de mercado - o nome é muito antigo) que é o medo generalizado
de lugares ou situações aonde possa ser difícil ou
embaraçoso escapar ou então aonde o auxílio pode não
estar disponível. Isso inclui estar fora de casa desacompanhado,
no meio de multidões ou preso numa fila, ou ainda viajar desacompanhado
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A fobia social, quando a pessoa tem um medo acentuado e persistente
de "passar vergonha" na frente de outros, muitas vezes por temor de que
as outras pessoas percebam seus sinais de ansiedade. Ela pode ser específica
para uma situação (por exemplo assinar cheques ou escrever
na frente dos outros) ou generalizada (por exemplo participar de pequenos
grupos, iniciar ou manter conversação, ter encontros românticos,
falar com figuras de autoridade, etc.)
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E as fobias específicas, quando o medo acentuado e persistente
é na presença (ou simples antecipação) de coisas
como voar, tomar injeção, ver sangue, altura. Ou ainda o
medo específico de elevador, dirigir ou permanecer em locais fechados
como túneis ou congestionamentos.
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Origem
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Seis em cada dez pessoas com fobias
conseguem se lembrar da primeira vez que a crise de medo aconteceu pela
primeira vez, quando as sensações de pânico ficaram
ligadas ao local ou situação em que a crise ocorreu. Para
essas pessoas, há uma ligação muito clara entre o
objeto e a sensação de medo. Por exemplo, uma pessoa tem
uma crise de pânico ao dirigir, e a partir desse dia passa a evitar
dirigir desacompanhada, com temor de passar mal e não ter ninguém
por perto para auxiliá-la. E talvez esse temor se expanda para um
local aonde a saída seja difícil em caso de "passar mal",
como cinemas e teatros. Surgiu assim uma agorafobia, um medo generalizado
a "passar mal" e não ter como escapar ou receber auxílio.
Uma outra pessoa, por exemplo, pode ter tido uma experiência traumática
de um acidente de carro, e a partir desse dia não querer mais andar
de carro, desenvolvendo uma fobia específica a carros.
Perceba que o medo de andar de carros é igual, mas a origem,
e na verdade o próprio medo, são fundamentalmente diferentes.
No primeiro caso, o que se evita é ficar numa situação
em que o socorro possa ser complicado, e no segundo caso, o que se evita
é o carro em si mesmo.
Mas por qual motivo uma pessoa desenvolve uma fobia? E ainda, por quais
razões algumas fobias são mais comuns que outras? Vários
neurocientistas acreditam que fatores biológicos estejam francamente
ligados. Por exemplo, encontrou-se um aumento do fluxo sangüíneo
e maior metabolismo no lado direito do cérebro em pacientes fóbicos.
E já foi constatado casos de gêmeos idênticos educados
separadamente que desenvolveram um mesmo tipo de fobia, apesar de viverem
e serem educados em locais diferentes.
Também parece que humanos nascem preparados biologicamente para
adquirir medo de certos animais e situações, como ratos,
animais peçonhentos ou de aparência asquerosa (como sapos,
lesmas ou baratas). Numa experiência clássica, Martin Seligman
associava um estímulo aversivo (um pequeno choque) a certas imagens.
Dois ou quatro choques eram suficientes para criar uma fobia a figuras
de aranha ou cobra, e muitas mais exposições eram necessárias
para uma figura de flor, por exemplo.
A provável explicação é que esses temores
foram importantes para a sobrevivência da espécie humana há
milênios, e ao que parece trazemos essa informação
muitas vezes adormecida mas que pode ser despertada a qualquer momento.
Outra razão para o desenvolvimento das fobias pode ser o fato
de que associamos perigo a coisas ou situações que não
podemos prever ou controlar, como um raio numa tempestade ou o ataque de
um animal. Nesse sentido, pacientes com quadro clínico de transtorno
de pânico acabam desenvolvendo fobia a suas próprias crises,
e em conseqüência evitando lugares ou situações
que possam se sentir embaraçados ou que não possam contar
com ajuda imediata. E por fim, há clara influência social.
Por exemplo, um tipo de fobia chamada taijin kyofusho é comum apenas
no Japão. Ao contrário da fobia social (em que o paciente
sente medo de ser ele mesmo humilhado ou desconsiderado em situação
social) tão comum no ocidente, o taijin kyofusho é o medo
de ofender as outras pessoas por excesso de modéstia e consideração.
O paciente tem medo que seu comportamento social ou um defeito físico
imaginário possa ofender ou constranger as outras pessoas. Como
se percebe, esse tipo de fobia é bem pouco encontrado em nosso meio...
O que há em comum em todas as fobias é o fato de que o cérebro
faz poderosos links em situações de grande emoção.
Para entender o que se passa, é interessante lembrar de uma situação
universal: você provavelmente, em algum tempo de sua vida, estava
com outra pessoa, numa situação bastante agradável,
e ao fundo tocava uma música. Agora, quando você ouve a música,
lembra da situação. E se parar para pensar bem, não
apenas lembra da situação, mas talvez sinta as mesmas sensações
agradáveis.
Para o cérebro, o fenômeno é o mesmo. Fortes emoções
em geral ficam ligadas ao que acontece em volta. Em geral as fobias ocorrem
quando a crise de pânico é desencadeada em situações
que já são potencialmente perigosas.
Por exemplo: nenhum animal (e nós somos animais, lembra-se?)
gosta de ficar acuado ou perto de algum outro animal que possa lhe trazer
riscos.
Estar preso no trânsito, num elevador, num shopping é,
para quem sofre de certos tipos de fobia, uma situação de
"ficar acuado", sem saída. Por isso, muitos pacientes com pânico
acabam desenvolvendo fobias a lugares fechados. |