Estimulação
Cerebral Externa
Seu Uso no Tratamento de Doenças Nervosas e Mentais Fone: 011-97289185 Tópicos: Fisiologia do
sono |
Muitas doenças nervosas e mentais podem se beneficiar de uma nova combinação terapêutica denominada Relaxamento e Controle de Aferência. Ela surgiu como uma união entre duas tecnologias já conhecidas há bastante tempo de estimulação cerebral externa:
Do ponto de vista neurofisiológico, sabe-se que os principais eventos acontecem durante o sono, são eles.
1 Deaferentaçao: este e um termos que significa perda, ou seja, o
bombardeio constante de informações neurais vindas do exterior, através
dos orgãos sensoriais, como visão, audição, olfato, gosto, tato, dor,
pressão, temperatura, sensações profundas dos músculos, etc; que deixam
de atingir o córtex cerebral e não são mais percebidas conscientemente;
2 Perda da consciência: todas as atividades conscientes, como
auto-persepçao, vigília, alerta, atenção, pensamento, linguagem,
cognição, etc; que são em grande parte realizadas pelo córtex cerebral,
também sãodesativadas durante o sono;
O
surgimento desses dois fenômenos ocorre principalmente como resultado
da modificação da atividade de uma estrutura cerebral chamada formação
reticular ascendente (fra, que é um conjunto de núcleos e fibras
dispostos como peixes em uma rede de pesca, fica localizada no centro
do tronco encefálico e caudalmente ela se dirige para a espinha
dorsal e cranilmente para o diencéfalo. O tronco encefálico, e uma das
partes mais basais e primitivas do nosso cérebro. A fra, recebe
conexões derivadas de praticamente todos os grandes sistemas
sensoriais do cérebro, e bombardeia, por sua vez, de forma continua, o
córtex cerebral, mantendo a sua atividade. Na indução do sono, a fra,
diminui a sua atividade consideravelmente, e inicia impulsos inibidores
que vão promover a deaferentaçao. Isso ocorre por diversos fatores,
como cansaço, ciclo, dia noite, e ate acumulo de algumas substancias
químicas no sangue (e quando “sentimos sono”, como se diz
popularmente). Dessa forma, a fra funciona como uma espécie de ¨portão
sensorial”, como especifica a teoria mais conhecida, elaborada pelos
neurologistas melzack e wall na década dos anos 70.
No mecanismo do sono, estão envolvidas dois importantes núcleos do
tronco encefálico: os núcleos na rafe e o lócus coeruleos. Os núcleos
da rafe por sua vez, tem dois componentes, situados na ponte e no bulbo
cerebral. Os núcleos da ponte são inibidores do despertar, agindo no
diencéfalo e no córtex. Os núcleos da rafe do bulbo tem uma ação mais
tardia, aparecendo no controle dos movimentos dos olhos. A propagação
desses impulsos acabam por atingir o lócus coeruleus caracterizando o
sono profundo com sonhos.
Depois de um certo tempo de sono, esses impulsos inibidores começam a
diminuir, dando abertura para que os estímulos sensoriais comecem
novamente a ativar a formação reticular ascendente, o diencéfalo e o
córtex ocasionando assim o despertar.
Para saber mais sobre a neurofisiologia do sono, leia o artigo da Dra. Silvia Helena Cardoso, nesta revista.
Sintetizadores de ondas cerebrais
As primeiras pesquisas cientificas sobre os efeitos da luz e som
sobre o cérebro começam nos meados dos anos 30, quando cientistas
descobriram que os ritmos do cérebro tendiam a assumir o ritmo de uma
luz piscante, num processo chamado de condicionamento cerebral.
Desde a década dos anos 20, com a descoberta que e possível
registrar-se a atividade elétrica do cérebro através de eletrodos
externos e de um aparelho denominado eletroencefalógrafo (inventado
pelo medico holandês Berg), sabe-se que os níveis de sono, sonho e
vigília são associados às ondas cerebrais com frequências diferentes
(veja a figura abaixo do artigo do Dr Renato m. E. Sabatini na revista
cérebro e mente sobre o mapeamento do cérebro).
A pesquisa se acelerou no final dos anos 40, quando o grande
neurocientista britânico w. Gray Walter, usou um estroboscópio e
equipamentos de eeg avançado, para investigar o que chamou de ¨fenômeno
de tremulação¨. Ele descobriu que luzes piscando ritmicamente alteravam
rapidamente a atividade das ondas cerebrais produzindo estados
semelhantes ao transe de relaxamento profundo e vivida visualização
mental, e ficou surpreso que o piscar das luzes alterava a atividade
das ondas cerebrais do córtex inteiro ao invés de apenas associadas à
visão. Atualmente essa propriedade da indução visual estroboscópica e
utilizada clinicamente para detectar crises epilépticas durante exames
de eletroencefalografia, e se sabe que certos tipos de epilépticos
podem sofrer crises ao serem estimulados por luzes piscantes na
frequência elevadas medidas em Hrz.
Com base nesse conhecimento sobre o condicionamento externo da
atividade elétrica cerebral, diversos pesquisadores desenvolveram
equipamentos capazes de estimar o cérebro com pulsos luminosos e
auditivos rítmicos, e começou-se a investigar seus efeitos sobre o
nível de vigília, consciência, relaxamento, etc.
Dependendo se queremos estimular ou deprimir o snc, usam-se combinações
diferentes de frequência. Geralmente, após cerca de 10 min, a atividade
do cérebro entra em fase com o mesmo ritmo desses estímulos esternos.
Assim, esse mecanismo permite portanto a mudança a nível de
consciência de forma passiva, sem exercício especifico e rapidamente.
Os aparelhos de síntese de ondas cerebrais mais
comuns compõe-se de uma central micro computadorizada, que produz as
seqüências de som e de luz, combinados em diversas
sequencias (programas). Essas unidades podem ter diferentes
complexidades, dependendo do numero de programas fixos e da capacidade
de receber programações novas. O tipo mais comum de aparelho permite
cinco programas, básicos que podem ser combinados com 10ritimos
diferentes, gerando ate 50 programas. O paciente recebe as estimulações
através de um par de fones de ouvido (programação auditiva), e de um
óculos que contem 8 leds sendo 4 de cada lado em sua face interna.
Como funciona essa técnica
Partindo de tudo o que já foi dito, anteriormente,
essa técnica é uma sofisticação da hipnose tradicional, convencional.
Ela foi se aprimorando e tomando corpo sem modificar as suas essências,
quando cientistas e pesquisadores começaram a perceber que as induções
hipnóticas seriam mais rápidas e eficazes com a introdução de
condicionamentos por instrumentos.
No condicionamento visual e
feito através de óculos especiais compostos de leds vermelhos e azuis e
com os olhos fechados ate o final da sessão que farão a função de
baixar a atividade cerebral variando as frequências entre 0,5 a 50hz e
com intensidade fixa.
Explicaremos mais detalhadamente o porquê dos leds vermelhos e o
porquê que podemos utilizar de forma opcional a luminosidade azul.
As cores não são apenas e tão somente cores, as cores na realidade são
espectros de ondas eletromagnéticas que cada uma delas visíveis a olho
nu, tem o seu comprimento de onda medido em milimicrons. Desde o
infravermelho ate o ultravioleta.
Muitos podem perguntar o porquê de se usar o vermelho e não o verde , e porque temos um opcional que e o azul?
Tudo que foi falado e pura física, ou seja, não existe nada fora à física e a eletricidade.
A luminosidade vermelha possui um comprimento de onda de 800
milimicrons e transportando isso para a neurofisiologia, ou seja para o
processo terapêutico, ela tem a propriedade de penetração cortical mais
intensa devido ao seu comprimento e quando se pede para fechar os olhos
na sessão, e porque a pálpebra ira servir de difusor para a
luminosidade para dentro dos olhos em que esse estimulo visual vai ser
captado pelos fotorreceptores transformando-os em estimulo elétrico que
caminhara para o tronco encefálico e depois para o córtex cerebral para
ser interpretado.
Já a luminosidade azul, possui um comprimento de onda de 400
milimicrons e consequentemente a penetração cortical e menor, porém
psicologicamente trazemos informação de nossos
antepassados de que o azul acalma, e é tranquilizante e ansiolítico.
Quando usamos a luminosidade azul , fisiologicamente ela penetrara
menos do que a vermelha, mas o efeito psicológico impregnado em nossos
valores culturais da o tom .
Então recapitulando, o objetivo desse condicionamento e diminuir a
atividade cerebral a níveis alfa e abaixo dele, níveis este, que
podemos encontrar um simples relaxamento ate um sono profundo, afinal
de contas o sono e a inibição protetora do córtex e o que fazemos e a
intensificação dessa inibição.
No condicionamento auditivo, que e a variável mais importante do
processo hipnótico, o paciente recebe através de um fone de ouvido um
programa pré-elaborado, minuciosamente estudado, com detalhes
específicos para uma determinada patologia a fim de que ao ser
interpretado a nível de córtex a remoção dos estímulos negativos seja
praticamente modificada por novas conecções neurais, ou seja, iremos
controlar e selecionar os estímulos através dos sintetizadores e do
fone evitando ao máximo aquelas variáveis indesejáveis que dificultam o
tratamento.
Evidencia cientifica
As duas fotos abaixo representam imagens computadorizadas da
atividade cerebral de um mesmo individuo mostrando a influencia radical
do sintetizador nos ritmos cerebrais, com apenas 12 minutos de uso. As
cores nestas imagens, significam intensidade de ondas cerebrais
especificas e sua distribuição nas diversas áreas cerebrais, ou seja,
baixa intensidade media.
Na parte superior da imagem, o paciente
esta com os olhos fechados e as figuras 1 e 3 apresentam a atividade
alfa (9 a 13 ciclos por segundo), principalmente localizada na região
occipital (parte superior do cérebro, onde existe o córtex visual). Na
figura 2 apresenta-se a frequência teta, localizada predominantemente
no terço trazeiro do encéfalo.
Na parte inferior da imagem esta ilustrada a parte cerebral depois de
usar o sintetizador por 5 min. A atividade alfa (figuras 1 e 3)
espelhou-se por quase toda a totalidade do cérebro. A atividade teta
(figura 2) aumentou visivelmente e tornou-se centralizada.
Aplicações clinicas
Em nossa clinica temos experimentado com o uso da técnica, por luz e
som, para o tratamento de diversas condições patológicas, tais como
depressão, ansiedade, síndrome do pânico, stress pós-traumático,
algumas psicoses, obesidade e também dependência química na qual cai no
mesmo esquema de novas aprendizagens para se ter novos comportamentos,
ou seja, fazem novas redes neurais.
Os resultados ate o momento tem sido extremamente positivos, pois
estamos introduzindo uma conduta terapêutica não invasiva, pelas
invasivas e no mínimo, substituímos gradativamente os psicotrópicos
favorecendo assim uma menor incidência de efeitos colaterais dos
mesmos. Atualmente as pesquisas cientificas mais atualizadas mostram o
quanto estamos avançando nos processos não invasivos tais como as
estimulações magnéticas transcraniana e ate a antiga eletroterapia
transcerebral que já falávamos há anos atrás, estão em franco
desenvolvimento em grandes universidades do pais.
Exemplo de um caso clinico
Paciente de sexo feminino, diagnosticada com esquizofrênica, começou
a apresentar comportamentos estranhos, segundo seus pais. Com o
decorrer dos dias , começou a apresentar alucinações auditivas, medo, e
aversão a ruídos
Posteriormente passou a apresentar muita
sonolência diurna, pouca conversa, ganho de peso e muita agressividade.
Sem falar com ninguém, começou a dormir pouco e durante o dia
apresentava-se hipotimica, incontinência emocional, muito nervosismo e
muita teimosia. Com o agravamento da doença, passou a sair de casa a
noite e perambular pelas ruas , extravasando a sua agressividade
danificando o carros que ali estavam.
Foi internada em maio de 1999, submetendo-se as sessões de ect. Depois
da alta, passou a frequentar o proesq, entidade ligada a UNIFESP e em
setembro de 99 começou o tratamento ambulatorial com a hipnoterapia
cognitiva. Logo na primeira sessão já se podia observar uma melhora
bastante significativa. Atualmente ela mantem as sessões de 15 em 15
dias e tem uma vida praticamente normal, guardando as devidas
proporções.
Copyright 2002 Universidade
Estadual de Campinas
Publicado na Revista
Cérebro & Mente
Uma iniciativa: Núcleo
de Informática Biomédica da UNICAMP