Este termo foi criado há mais de dois séculos para descrever o impulso de roubar objetos desnecessários ou de pequeno valor. Esquirol notou, em 1838, que o indivíduo frequentemente se esforça para evitar este comportamento, mas por sua natureza, isto é irresistível. Ele escreveu: "o controle voluntário é profundamente comprometido: o paciente é constrangido a executar atos que não são ditados nem por sua razão, nem por suas emoções. - atos que sua conciência desaprova, mas que ele não tem intenção.
Os indivíduos afetados frequentemente têm outros distúrbios mentais, tais como distúrbio bipolar, anorexia nervosa, bulimia nervosa, ou distúrbio da ansiedade. Adultos com cleptomania roubam porque isto oferece alívio ou conforto emocional. Poucas pessoas procuram tratamento até que são pegas roubando.
Qual a incidência de cleptomania na população geral?
Presume-se que a cleptomania seja um distúrbio raro, embora poucos estudos tenham sido feitos sobre sua prevalência na população em geral. Estudos feitos com ladrões de lojas sugerem que somente uma pequena parcela (de 1 a 8%) representam casos verdadeiros de cleptomania.
Na verdade, o roubo de lojas é extremante comum, de acordo com um estudo. Um pesquisador relatou que dos 263 clientes visitando lojas randomicamente, 27 (10%) foram observados roubando. Um estimou que correm aproximadamente 140 milhões de roubos por ano, mas que somente 4 milhões são pegos. Além disso, a incidência de roubos em lojas está aumentando.
Como distingüir um ladrão comum de um cleptomaníaco?
Não existem estudos controlados
da psicopatologia da cleptomania, mas numerosos relatos de casos descrevem
uma ampla extensão de sintomas psiquiátricos e distúrbios
com aparente cleptomania. Os sintomas mais comuns associados parecem estar
relacionados ao distúrbio do humor. A maioria dos estudos de "ladrões
anormais" (pessoas que foram apreendidas roubando e encaminhadas para avaliação
psiquiátrica) têm descrito taxas elevadas de sintomas depressivos
e depressão em seus sujeitos. Dos 57 pacientes cleptomaníacos
descritos na literatura, 57% mostraram sintomas afetivos e 36% provavelmente
encontrariam um critério diagnóstico para depressão
ou distúrbio bipolar.
Alguns pacientes com cleptomania
e distúrbio comórbido do humor têm descrito uma relação
entre seus sintomas afetivos e cleptomaníacos, declarando que seus
impulsos de roubar ocorrem quando eles estão deprimidos.
É possivel tratar um cleptomaníaco?
Não existem estudos controlados
de tratamentos somáticos ou psicológicos em cleptomania.
Relatos de casos individuais, entretanto, sugerem que várias formas
de terapia comportamental podem ser efetivas em alguns pacientes. Existem
também relatos isolados do sucesso do uso de psicoterapia psicanalítica,
mas existem também muitos relatos negativos.
Outros relatos de caso sugerem que
medicamentos antidepressivos ou com propriedades estabilizadoras do humor
podem ser efetivos na cleptomania.
Silvia Helena Cardoso, PhD. Psicobióloga, mestre e doutora em Ciências. Fundadora e editora-chefe da revista Cérebro & Mente. Universidade Estadual de Campinas. |
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