Experimento Comportamental
As Necessidades Vitais dos Bebês 

Por Silvia Helena Cardoso, PhD

O amor é um estado prodigioso, profundo, terno e recompensador. Os cientistas têm especulado sobre a natureza do amor. Do ponto de vista de desenvolvimento, as respostas iniciais ao amor do ser humano são aquelas feitas pelas crianças à mãe verdadeira ou mesmo por uma mãe substituta. Deste íntimo contato da criança com a mãe, muitas respostas afetivas são formadas.

A posição comumente sustentada por psicólogos e sociólogos é clara: os motivos básicos são, em grande parte, de motivações primárias - particularmente fome, sede, eliminação e dor - e todos os outros motivos, incluindo amor e afeto, são derivados de motivações secundárias. A mãe é associada com a saciação das motivações primárias e, através do aprendizado, é derivado o afeto e o amor (1).

Harry F. Harlow, um cientista da Universidade de Wisconsin, demonstrou a importância dessa ligação com a mãe. Ele foi um dos primeiros a verificar que macacos rhesus se tornam agressivos quando ficam isolados.
 

O macaquinho mama na mãe de arame, mas  depois permanece a maior parte do tempo na mãe de pano, demonstrando forte preferência pelo calor e pelo conforto.

O macaquinho à direita cresceu sem a mãe e sem companheiros para brincar. Quando um companheiro se aproxima, ele se mostra assustado e foge, evidenciando o efeito de uma criação anormal.

Dominado com facilidade, ele não consegue 
se defender e nem mesmo brincar. As conclusões destas experiências também mostram que o contato com outras crias é vital para o desenvolvimento.
 
 
 
Potos por Nina Leen,
Animal Behavior, 1976

A fim de estudar o desenvolvimento de respostas afetivas de macacos neonatais e infantis, Harlow separou macacos de sua smães após o nascimento. Em seus experimentos, cada bebê teve acesso a duas mães artificiais, uma delas sendo uma armação de arame com rosto de madeira e uma mamadeira à altura do peito, e a outra mais ou menos sememlhante, mas revestida de um tecido felpudo (veja quadro acima). Os bebês ficavam com ambas as mães, mas a medide que cresciam, mostravam uma forte ligação com a mãe de pano. Quando deparavam com um intruso, por exempo, um urso mecânico de pelúcia, fugiam para junto da mãe de pano, agarrvam-se a ela e, então, confortados e sem medo, examinavam o urso. Do mesmo modo, quando colocados numa sala estranha, procuravam imediatamente a mãe de pano e se agarravam a ela em busca de consolo, antes de iniciarem a exploração.

Os bebês de macaco criados sem as suas verdadeiras mães ou as substitutas de pano felpudo mostraram-se incapazes de relações sociais normais. Harlow ficou impressionado com a possibilidade de, além da fonte de alimento obtida pelo leite na mamadeira, a busca pelo conforto pode ser uma variável importante no desenvovimento do afeto das crianças com a mãe.

Esta pesquisa é crucial porque correlaciona estudos animais com aqueles executados em pesquisa clínica. Os estudos com macacos rhesus oferece similaridades com humanos em termos de estruturas cerebrais, comportamento social e resposta ao estresse.
 
O Autor
Silvia Helena Cardoso, PhD. Psicobióloga, mestre e doutora em Ciências. Fundadora e editora-chefe da revista Cérebro & Mente. Universidade Estadual de Campinas. 
Vice-Presidente e Diretora, Instituto Edumed.
 

Agosto, 2001

 

Para Saber Mais:
The Nature of Love
Primate Studies Laboratory
The Biological Bases of Positive Affective Styles