See our general discussion section Brainstorming
Sender: Silvia Helena Cardoso
Gostaria de aproveitar os conhecimentos sobre música e neurocognição de cientistas nesta área aqui deste curso e fazer uma ponte com nossa aula atual (SNA).
Uma das coisas que mais me fascina,
mas que também me intriga na música (para mim, particularmente
a música clássica), é a transformação
que ela causa no meu corpo e cérebro. Algumas músicas clássicas,
além de promoverem-me diversas reações autonômicas,
como lágrimas aos olhos, relaxamento corporal, facial, labial, evocação
de memórias relacionadas a ela, maior sensação e percepção
da beleza humana, me fazem também sentir "viajar para outras galáxias".
Enfim, a música me faz sentir um profundo bem estar.
Por que temos essa sensação?'
Já está provado que
o sistema límbico exerce um importante papel na reação
à música. No sistema límbico há um grande número
de receptores opióides que são altamente sensíveis
à presença de endorfinas (aquela que ativa circuitos anti-nociceptivos,
ou seja, circuitos atenuadores da sensação de dor). As endorfinas
são liberadas através de reações pelo sistema
nervoso autonômico. Alguns estudos têm mostrado que ouvir música
libera endorfinas, o que então causa a resposta emocional que nós
sentimos (Mercédes Pavlicevic, Towards a Music-based Understanding
of Improvisation in Music Therapy ).
Estes fatos já estudados e comprovados
me levam a outras dúvidas que eu ainda não encontrei na literatura,
e que eu gostaria de perguntar a você, Tevão, se já
existe algo a respeito:
- Será que a música
também atenua a dor, já que ela libera endorfinas? Existe
algum trabalho publicado neste sentido?
- E sobre o efeito terapêutico
da música: poderia citar alguns e como agem no SNC e SNA? Conheço
um estudo feito com crianças que tinham pressão anormalmente
alta devido ao acidente nuclear de Chermobyl e que demonstraram um claro
efeito simpatolítico com terapia musical. Caso se interesse pelo
artigo, veja:
Normalisation of Haemodynamic parameter
in children with autonomic nervous system disturbances em:
http://www.scientificmusictherapy.com/06_cerebral_&_%20nervous_system/cerebral_&_nervous_system11haemodynamic.htm
- E finalmente, considerando que a
divisão simpática do SNA "energiza" o corpo, como aumentar
frequência cardíaca, diparar um rush de adrenalina, etc, e
o parassimpático "acalmar" o corpo e trabalhar para conservar energia.
Poderíamos deduzir então que alguns tipos de músicas,
por exemplo, as mais agitadas afetam o simpático e as mais calmas
o parassimpático, certo?
Abraços.
Silvia
Sender: Ademar João Pedron
Dra. Sílvia, talvez possa colaborar
com sua pergunta citando o cientista búlgaro Losavov: Ele descobriu
que suas folhagens, ele é botânico, estavam verdejantes e
belas, porque tinha o costume de ouvir música clássica orquestrada
e lente e, num insight, ele resolveu colocar alguns folhagens numa estufa
diferente e colocar música com o ritmo de jass e... as plantas começaram
a murchar! Ele então foi fazendo outras experiências e acontecia
a mesma coisa. Passou entao a fazer testes com animais: vacas e, tocando
música clássica e lenta, as vacas davam mais leite e leite
com mais gordura e quando tiravam o leite com música jass, as vacas
seguravam o leite e havia uma diminuição bastante significativa
de leite. Com isso tudo ele concluiu que havia uma mudança cerebral
também muito significativa e resolveu fazer o teste com crianças
e percebeu uma grande diferença na aprendizagem. Por que ? A explicação
dada pela neurolingüística, agora espero uma resposta maior
na neuroanatomia, diz que, ouvindo música clássica, orquestrada
e lenta a pessoa passa do nível alfa ao nível beta e baixando
a ciclagem cerebral aumentam as atividades dos neurônios e as sinapses
se tornam mais rápidas e facilitam a concentração
e a aprendizagem. Isso estou citando meu livro: Metodologia científica:
auxiliar do estudo, da leitura e da pesquisa. 4. ed. Brasília: Edição
do Autor, 2003, p. 65.
Pesquisa realizada e depois testadas
por mim, do Livro sobre o método de Losavov:
OSTRANDER, Sheila; SCHOEDER, Lynn. Super-aprendizagem pela sugestologia. Rio de Janeiro: Record, 1978.
Pena que o autor é búlgaro,
se fosse americano todos já o conheciam... (crítica bem velada,
não ?)
Aí vão meus pensamentos.
Pedron
Caro Ademar,
Interessantíssima sua colocação.
Eu já conhecia o autor búlgaro Georgi Lozanovi porque ele
está citado no livro que tenho The Photopraphic Mind (ele investigou
também este efeito da memória fotográfica além
da hipermnésia e outros brain powers). O Psicológo e cientista
Lozanovi foi quem primeiro descobriu (em 1960) que certas estruturas musicias
permitem aos estudantes absorverem e reterem informação mais
rapida e facilmente e nomeou este processo de aprendizagem acelerada.
No método dele, ele usa três
formas distintas para acelerar o aprendizado:
- faz uma música introdutória
para relaxar os participantes e alcançar um ótimo estado
para a aprendizagem
- Em seguida faz um "concerto ativo",
no qual a informação a ser aprendida é lida com música
expressiva
- E um "concerto passivo" no qual
o aprendiz ouve a nova informação lida e falada com um background
de música barroca para levar a informação até
a memória de longo prazo.
Silvia
As características da aprendizagem
acelerada são encontradas em muitos fragmentos de músicas
barrocas, clássicas e algumas românticas. Nestas músicas,
a freqüência cai de uma extensão de 40 a 60 batidas por
minuto para um padrão ritmico de aproximadamente uma batida por
segundo. Este ritmo é semelhante à batida do coração.
Os batimentos cardíacos de uma pessoa ao ouvir este rítmo
irão diminuir para seguir a música. Esta "resposta de acompanhamento"
significa literalmente estar em sintonia com a música. À
medida que o corpo relaxa ao rítmo da música, a mente se
torna alerta em uma forma simples de relaxamento - sem concentração,
sem meditação, sem focalizar na respiração
ou nos músculos para que eles se relaxem. Basta ouvir a música
e sua mente simplesmente se abre! E neste estado, os estudantes, mais relaxados
(e encantados) são capazes de aprender mais em menor tempo.
Coloco abaixo alguns exemplos deste
tipo de música. Ao ouvirem, POR FAVOR não deixem que as endorfinas
liberadas pelo seu sistema nervoso autônomo o impeçam de observar
o que eu estou querendo mostrar: uma batida por segundo, muito sútil,
no fundo da música (é como um TUM, TUM, TUM bem suave, como
a batida do coração) (talvez seja mais difícil alguns
perceberem isso, dependendo do seu sistema de som de seu computador).
Albinoni:
Adagio
Pachelbel:
Canon in D
Marcello:
Adagio from Oboe Concerto
Deleitem-se!
Silvia
Copyright Silvia Helena Cardoso, PhD